quinta-feira, 26 de julho de 2012

IODO NO SAL E AS RECOMENDAÇÕES OFICIAIS


llPosição do Departamento de Tireoide da Sociedade Brasileira de Endocrinologia, relativa à consulta pública (nº35) proposta da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), publicada no Diário Oficial da União de 06/07/2011.
As recomendações de vários grupos internacionais se assemelham em relação à ingesta adequada de iodo em diferentes faixas etárias e situações:
• 0 – 7 anos de idade, 90 microgramas (mcg)
• 7 – 12 anos de idade, 120 mcg
• Acima de 12 anos de idade, 150 mcg
• Mulheres grávidas ou em amamentação, 200 a 250 mcg.
No Brasil, a última Pesquisa de Orçamentos Domiciliares do Ministério da Saúde, de 2003, apontou que o brasileiro possui, em média, o consumo domiciliar diário de sal de 9,6 g. Esse valor, somado ao sal proveniente de alimentos consumidos fora de casa, perfazem um consumo de 12g de sal ao dia. 
Ao contrário, o International Council for the Control of Iodine Deficiency Disorders (ICCIDD) considera que apenas 70 a 89% da população no vasto território nacional tem acesso ao sal iodado o que levanta a suspeita de que parte dos brasileiros sequer tem acesso às quantidades mínimas de iodo necessárias para evitar os males da deficiência.
Existem evidências sugerindo que o consumo elevado de iodo pode ser uma das causas do aumento do número de casos de tireoidite de Hashimoto (Hipotireoidismo), mas outras causas também podem estar envolvidas, incluindo um longa lista de disruptores tireoidianos químicos como os bisfenois, a exposição à radiação ionizante, o stress, vírus, etc.
Por outro lado, o consumo de iodo nos níveis preconizados como adequados, e que são fornecidos pela adição de 20 a 60mg de iodo a cada quilo de sal, previne a maior causa evitável de deficiência mental existente no mundo, que é o cretinismo endêmico, além de prevenir o bócio e, possivelmente o câncer de tireoide de formas mais agressivas como o carcinoma folicular da tireoide. 
A Consulta Pública da Anvisa baseia-se na observação de que a população Brasileira consome níveis excessivo de sal, o que está relacionado principalmente ao aparecimento de números assustadoramente crescentes de casos de Hipertensão Arterial.
A própria Anvisa estabelece a redução do conteúdo de sal, gorduras, gordura trans e açúcar nos alimentos. Acreditamos que este deve ser o foco da Agência através de normas e ações reguladoras dos alimentos industrialializados, particularmente aquele ofertados para crianças e adolescentes. Diminuir a quantidade de iodo do sal não apenas não resolverá tal problema como possivelmente trará consequências nefastas acima descritas.

Dr. José Amando Mota é médico Endocrinologista e Metabologista

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