quinta-feira, 19 de abril de 2012

A HISTÓRIA DO DIABETES MELLITUS

llAcredita-se que a primeira civilização a estudar a medicina de forma extensa e registrar observações acerca de suas práticas e procedimentos viveu no Egito Antigo, 1500 a.C. Atribui-se ao papiro Ebers, a primeira referência ao diabetes mellitus. Este documento, que posteriormente se tornou um dos famosos da literatura médica da Antiguidade, descreve tratamentos para “eliminar urina volumosa”, como um composto incluindo frutos e plantas como tâmaras verdes e flores de pepino ou ainda injeções retais de óleo de oliva, mel, cerveja e sal marinho. No entanto, foi somente o século II, na Grécia Antiga, que a enfermidade caracterizada por poliúria foi denominada “diabetes”. Este termo foi cunhado por Arateus, discípulo de Hipócrates, que descreveu a doença como “uma condição extraordinária em que a carne do corpo e dos membros se derretia e se convertia em urina” e observou ainda sua associação com polifagia, polidipsia e astenia. O termo “diabetes” tem origem na palavra grega que significa “passar através de um sifão”, devido ao fato de que um dos sintomas mais típicos da doença era poliúra, com uma quantidade de fluidos eliminada maior do que a consumida, semelhante à drenagem de água através de um sifão. Os médicos indianos Charaka, Susruta e Vagbata foram os primeiros a reconhecer o gosto doce da urina de pacientes com diabetes, notando inicialmente o acúmulo de formigas e moscas ao redor da urina de indivíduos afetados. A mesma observação foi feita na China e no Japão, mas somente no século XVII foi estabelecida conclusivamente a associação entre diabetes e a presença de açúcar na urina, pelas observações de Thomas Willia em 1674 e os experimentos de Mathew Dobson em 1776, na Inglaterra. Willis provou a urina de um paciente diabético e constatou que era “doce como mel”. Dobson forneceu evidências experimentais de que as pessoas com diabetes eliminavam açúcar na urina, aquecendo a urina até seu ressecamento e formado resíduo açucarado. William Cullen, no entanto, foi o primeiro a diferenciar diferentes tipos de diabetes e instituir o termo “diabetes mellitus” (“mellitus = mel, em latim). Em 1769, publicou uma classificação elaborada das doenças humanas que incluía dois tipos de diabetes: 1) diabetes insípidos, com urina límpida, mas não adocicada. Em meados do século XIX, Lancereaux e Bouchardet sugeriram que existiam dois tipos de diabetes, um mais grave em pessoas mais jovens e outro de evolução mais branda, especialmente em idosos e obesos, que posteriormente passaríamos a reconhecer como DM tipo 1, e DM tipo 2, respectivamente.

Dr. José Amando Mota é médico Endocrinologista e Metabologista

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